sábado, 25 de setembro de 2010

Os cinco pilares do Islamismo



Como os muçulmanos se encontram espalhados pelo mundo, é natural que a sua pratica religiosa apresente grandes diferenças, consoante a civilização em que se encontram inseridos.
Há, no entanto, um ponto que os une: os cinco pilares do Islão (as cinco obrigações religiosas básicas).

1º Pilar, a profissão de fé (shahada) - a primeira obrigação de um muçulmano consiste em recitar o credo (shahada) «Não existe nenhum Deus senão Alá, e Muhammad é o seu profeta.»
Alem de acreditar num único Deus, o bom muçulmano rejeita tudo o que ponha em causa essa unidade. Comete shirk («idolatria, politeísmo») quem sobrepuser a Deus pessoas, riqueza, interesses.

2º Pilar, as cinco orações rituais (salat) - o muçulmano deve efectuar uma oração ritual cinco vezes ao dia. A oração ritual obedece a um conjunto rigorosamente definido de posições (de pé, curvado, prosternado, sentado) e é um acto de louvor e de adoração – expressão de fé na misericórdia de Deus.
Para cumprirem a oração ritualantes de o sol nascer, ao meio-dia, à tarde, pelo menos uma hora antes do pôr do sol e á noite –, os muçulmanos devem estar num estado de «purificação legal» (graças a uma ablução geral ou parcial), que se estende ao vestuário e ao local onde é proferida, e orientarem-se para Meca.
Uma oração ritual rezada a preceito inclui os país, os parentes, os amigos e os indigentes.

3º Pilar, o jejum
(saum) - o Ramadão é o nono mês do calendário islâmico e dura vinte e nove a trinta dias.
O jejum começa e termina com a chegada da lua nova, quando a «nova luz» se torna visível – regra geral, dois ou três dias após a lua nova. Para muitos muçulmanos, o mês do jejum é símbolo de esperança. O mandamento divino do jejum é sinonimo de uma maior entrega a Deus e de mais solidariedade com os crentes da mesma confissão em todo o mundo. Deve ser rigorosamente observado desde o nascer ao pôr-do-sol. Durante o dia, todos os muçulmanos adultos e de boa saúde, quer mental quer física, se abstêm de ingerir alimentos sólidos ou líquidos, de recorrer a estimulantes (por exemplo, fumar) e de manter relações sexuais.
Dado que o jejum altera a percepção que o homem tem de si, o Ramadão é uma excelente oportunidade de os fiéis se voltarem integralmente para Deus sem se dispersarem. A imagem islâmica do ser humano assenta num todo, composto por corpo, espírito e alma.
O Ramadão é um período de penitência e de reconciliação, em que as horas nocturnas devem ser aproveitadas para restabelecer a paz. A Noite do Destino, habitualmente celebrada no 27º dia do Ramadão, e a festa da Ruptura, que marca o fim do jejum, são duas datas importantes do calendário islâmico.

4º Pilar, a esmola obrigatória (zakat) - o termo zakat refere-se ao tributo obrigatório, semelhante a um imposto, destinado aos pobres, e os muçulmanos interpretam-no como uma acção purificadora da cupidez. A esmola obrigatória simboliza a gratidão a Deus, que dotou todas as criaturas com o suficiente para viverem.
Os muçulmanos abastados têm o dever de partilhar os seus bens com os mais carecidos; estes têm direito a uma parte do património dos primeiros.

5º Pilar, a peregrinação a Meca (hadj) - a peregrinação a Meca (hadj) constitui, para os muçulmanos, o ponto culminante da sua vida religiosa, revestindo, por isso, especial importância para toda a comunidade islâmica. Trata-se de uma obrigação com características especiais, e o muçulmano deve cumpri-la, pelo menos, uma vez na vida.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Xintoísmo


O Xintoísmo não tem um fundador. Trata-se de uma típica religião nacional que, ao longo dos séculos, tem adoptado tradições de diversas outras religiões. Não possui uma ética ou um credo formulado. A essência do Xintoísmo está no cerimonial e ritual que mantém o contacto com o divino.
É frequente dizer-se que o Xintoísmo possui vário milhões de deuses, Kamis, que se manifestam sob a forma de árvore, montanhas, rios, animais e seres humanos. A palavra japonesa Kami pode também ser traduzida por «espírito». O culto dos espíritos da natureza e dos antepassados tem sido fundamental para o Xintoísmo, desde os tempos em que o Japão era uma sociedade agrária. Este culto dos antepassados difundiu-se particularmente sob a influência do Confucionismo chinês.
Segundo a mitologia japonesa, um casal divino, Izanagi e Izanami, teria descido do céu e dado, primeiro, origem às ilhas japonesas, seguidamente ao resto do mundo e a tudo no seu interior e, finalmente, a uns quantos Kamis. O maior destes Kamis era a deusa do sol, Amaterasu. Os outros Kamis ter-se- iam estabelecido na terra e criado os primeiros seres humanos. Mas a sociedade humana necessitava de ordem e de liderança, pelo que o neto de Amaterasu foi mandado para a terra. Um dos seus descendentes viria a tornar-se o primeiro imperador do Japão.

Em consequência, todos os japoneses têm origem divina, mas em especial o imperador, directamente aparentado com a própria deusa do sol, Amaterasu.

Gradualmente, o culto dos Kamis dos imperadores falecidos foi substituído pela veneração dos próprios imperadores, que eram Kamis vivos.


A origem do culto do imperador é parcialmente explicável pelas condições políticas do século XIX. O Japão estava ameaçado pelo expansionismo ocidental e sentiu, por isso, a necessidade de acentuar seu carácter nacional próprio. Ao mesmo tempo, o imperador tinha sido colocado à margem dos chefes militares, os shoguns, que detinham, na realidade, o poder.

Em 1867, um golpe deu ao imperador Meiji o controlo do país, tendo ele então instigado uma renovação política e religiosa. O Xintoísmo transformou-se na religião do Estado, enquanto foram destruídos templos budistas e erradicados os elementos budistas existentes na cultura xintoístas.


Foram colocadas imagens do imperador em todos os edifícios oficiais, escolas e fábricas, e as pessoas tinham que se curvar respeitosamente perante os retratos.

A par do culto imperial verificou-se um forte nacionalismo que constituiu a base do crescente expansionismo japonês até á Segunda Guerra Mundial, na qual o Japão se aliou à Alemanha.
A religião estava intrinsecamente ligada ao nacionalismo, sendo o Xintoísmo, por exemplo, a autoridade ideológica para os pilotos suicidas japoneses (Kamikaze significa «vento divino»).
Cada soldado morto na guerra era imediatamente transformado num Kami, com uma cerimónia em sua honra a ter lugar nos templos xintoístas.


Depois na derrota do Japão, em Agosto de 1945, o imperador emitiu uma declaração renunciando à sua natureza divina. O Xintoísmo foi abolido como religião de Estado, mas o Xintoísmo popular, que sempre tinha coexistido com o culto do imperador, permaneceu, gozando mesmo de um certo renascimento.


O culto é observado tanto em casa como no templo, dos quais existem cerca de 20 mil. Os templos, que anteriormente eram administrados pelo governo imperial, estão agora organizados em diversas uniões com chefes eleitos.


O templo – morada dos Kamis


Um templo xintoísta não é um lugar de oração, mas sim a morada de um kami, ou o local onde ele é venerado segundo determinados rituais.
No santuário interior do templo existe um objecto que simboliza a proximidade do kami, e é este símbolo que torna o templo um local sagrado. Os três símbolos mais importantes consistem num espelho, numa jóia ornamental e numa espada, guardados em três dos maiores templos xintoístas do Japão. O espelho, a jóia e a espada estão associados a um mito respeitante à deusa do sol, Amaterasu, e ao primeiro imperador do Japão.
De acordo com um dos antigos mitos divinos, um dia Amaterasu escondeu-se numa caverna, aborrecida. Mas foi atraída para o exterior por um espelho e persuadida a brilhar de novo.

O sacerdócio


Originalmente, as cerimónias eram desempenhadas pelo chefe de uma família ou de um clã e, a um nível superior na pirâmide social, por um príncipe ou pelo próprio imperador.
Actualmente, as organizações dos templos nomeiam os sacerdotes a tempo inteiro ou parcial. A maioria é casada, e tem igualmente uma ocupação secular. Desde a guerra que também as mulheres são elegíveis para o sacerdócio.
Os deveres do sacerdote são, principalmente, de carácter ritual: ele tem de saber como executar as cerimónias diárias e como conduzir as grandes festas associadas às festividades.

Os quatro aspectos principais do culto


No Xintoísmo as cerimónias são essenciais. Ajudam a prevenir acidentes, auxiliam a cooperação e o contacto com os Kamis e promovem o contentamento e a paz, para o individuo e para a sociedade.
As cerimonias variam desde as mais simples, celebradas em casa, até às grandes festas anuais do templo, existindo, no entanto, quatro elementos que se repetem em todos os tipos de cerimonia. São eles:


Purificação – o objectivo da purificação é banir tudo o que seja mau ou injusto, qualquer coisa que possa pôr em risco o relacionamento do indivíduo com os Kamis. A impureza está essencialmente associada à doença e à morte, embora todas as outras funções carnais a possam igualmente gerar.
Todo o serviço divino começa com a purificação. Pode ser apenas uma questão de enxaguar a boca e despejar um pouco de água sobre as pontas dos dedos. No templo é levada a cabo pelo sacerdote, que sacode uma vara especial em frente dos indivíduos, ou objectos, a serem purificados. A referida vara de purificação tem, presa a si, umas tiras de papel ou fios de linho, que lhe dão o aspecto duma espécie de vassora.


Sacrifício – se não forem feitas oferendas, o indivíduo poderá perder contacto com os Kamis e sofrer um revés. A oferta pode assumir a forma de dinheiro, de comida ou de bebida. As actividades artísticas ou desportivas ligadas às festividades do templo têm também importância religiosa e deveriam ser encaradas como um género de sacrifício. A dança, o teatro, a luta e o tiro ao arco são todos executados em honra dos deuses.


Oração – uma oração começa geralmente com um elogio ao Kami a quem é dirigida, e com uma expressão de gratidão pela beneficência. Depois, as ofertas são especificadas, com a indicação do nome da pessoa que oferece o sacrifício, e então talvez seja feito um pedido sob a forma de oração.


Refeição sagrada – no final da cerimónia tem lugar uma naorai – refeição com os Kamis. Todos os presentes recebem do sacerdote uma pequena medida de vinho de arroz.

O culto doméstico


Em quase todos os lares existe um pequeno altar, ou um altar de parede, denominado por Kamidana. Sobre ele encontra-se objectos simbólicos: um amuleto para o Kami, um espelho pequeno, uma vela e um vaso cheio de gravetos de arvore Sakaki.
O ritual inicia-se enxaguando a boca e lavando as mãos. Depois coloca-se um sacrifício em frente do altar, que poderá ser algo tão mundano como alguns grãos de arroz ou uma tigela de água. O suplicante (sentado ou de pé) em cima de uma esteira, com a cabeça inclinada respeitosamente, faz uma pequena oração. Após a oração a cabeça é inclinada por mais duas vezes, as mãos erguidas são também unidas duas vezes, seguindo-se, como conclusão, mais acenos com a cabeça. Quais quer alimentos que tenham sido oferecidos são mais tarde retirados e comidos à mesa.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Tauismo


O Tauismo baseia-se no livro designado Tao Te Ching, que significa «O Livro de Tao e Te». As expressões taoordem do mundo») e te força vital») são conceitos chineses antigos.
Confúcio deu-lhe uma interpretação diferente.
O Tao Te Ching é um livro pequeno, que contem entre vinte e vinte cinco páginas, e que está dividido em oitenta e um capítulos. Ninguém sabe ao certo quem o escreveu, mas reza a lenda que terá sido Lao-Tzu, filosofo que viveu no século VI a. C., isto é, aproximadamente contemporâneo de Confúcio. As historias sobre a vida de Lao-Tzu são inúmeras e variadas, mas os historiadores não têm sequer a certeza de que ele tenha, de facto, existido. Posta esta advertência, Lao-Tzu será referido como autor do Tao Te Ching no que a seguir apresento.


Tao – o maior dos princípios

Para Confúcio, tau era a suprema ordem e harmonia do universo que o homem deveria seguir. Lao-Tzu considerava também tau como a harmonia do mundo, e especialmente do mundo da natureza. Mas ele foi ainda mais longe. Tau é, efectivamente, a base a partir da qual todas as coisas brotam e são criadas. Por varias vezes tau é descrito como «Céu», ou seja, algo de divino, embora não seja um deus pessoal.
A diferença mais importante relativamente a outras noções de tau, assenta no facto de Lao-Tzu acreditar não ser possível descrever tau de nenhuma maneira racional e directa. «O tau que pode ser descrito, não é o autêntico», declara. Isto significa que o homem não poderá investigar ou estudar a verdadeira natureza do tau, não poderá utilizar o seu intelecto para o compreender. Deve meditar, mergulhar numa tranquilidade distanciada e abandonar todos os pensamentos de coisas exteriores como o lucro ou a promoção. Só então ele conseguirá a unidade com tau, e será preenchido pela força vital te.

Vida Social

Mais que actividade, o tauismo envolve passividade. A acção mais importantes para um tauista sábio é a «inacção», o que tem, obviamente uma grande influencia sobre a sua visão de vida comunal. Enquanto Confúcio pretendia educar o homem através do conhecimento, Lao-Tzu preferia que ele permanecesse ingénuo e simples como as crianças. Confúcio ansiava por regras e sistema fixo, no âmbito da política, ao passo que Lao-Tzu acreditava que o homem deveria interferir o menos possível no desenrolar natural dos acontecimentos. Confúcio desejava uma administração ordenada , mas para Lao-Tzu todas as administrações são más: «Quantas mais leis e quantos mais preceitos existirem, mais ladrões e bandidos haverá» refere o Tao Te Ching.
O estado ideal para Lao-Tzu era a pequena comunidade (vila, aldeia) que ele acreditava ter existido em tempos ancestrais. As pessoas tinham ai vivido em paz e contentamento, sem interesses em entrar em conflito com os seus vizinhos, como as províncias chinesas fizeram mais tarde. O líder deveria ser um filósofo, e a sua única tarefa deveria consistir em servir de exemplo aos demais na sua passividade e no distanciamento das coisas.
A caridade actuante, no seu sentido comum, é estranha para o tauista, mas este possui uma boa vontade ilimitada para com os outros, independentemente de estes serem bons ou maus.

O Tauismo como religião popular

Alguns dos discípulos de Lao-Tzu desenvolveram um misticismo natural em direcções de maior magia, e foram estes elementos ocultos que mais se popularizaram junto das massas, porquanto se fundiram com a superstição a a bruxaria dos tempos antigos. Lao-Tzu acreditava, por exemplo, que um individuo se mantivesse passivo, preservava a sua força da vida por muito tempo, conservando-a saudável e imaculada. Mais tarde, algumas pessoas interpretaram isto como a possibilidade de aumentar a longevidade, começando a preocupar-se com a questão de se tornarem imortais. Os filósofos tauistas praticavam exercícios mágicos, para alem da meditação, e tentavam descobrir um elixir da vida eterna. A par do tauismo filosófico desenvolveu-se uma religião de cariz popular baseada em Lao-Tzu, mas que tinha também os seus próprios deuses, templos, sacerdotes e monges. Havia rituais complexos, inspirados em parte na prática budista, com procissões, ofertas de comida aos deuses e liturgias pelos vivos e pelos mortos.



O Confucionismo


Até 1911 a China era uma potência imperial sobre a qual o imperador exercia um poder absoluto, sendo encarado como o representante do seu país junto do preeminente deus do Céu. Ao mesmo tempo, ele era também o filho do Céu na terra. O próprio imperador efectuava sacrifícios ao Céu, no Templo do Céu, na capital, Pequim. Oferecia também sacrifícios às montanhas e aos rios sagrados da China.

O Império da China era uma sociedade ordenada, com Líderes permanentes. No topo da administração encontrava-se uma elite de oficiais com um grau de instrução elevado. A ideologia o Confucionismo, que compreendia pensamentos, regras e sistemas sociais desenvolvidos pelo filósofo K’ un Fu-tse (Confucius, em latim), e as suas doutrinas dominaram, na China, até à queda do imperador. Confúcio tinha ainda estabelecido normas para a vida religiosa, sacrifícios e rituais. Era uma religião de estado praticada pela elite e pelas classes governantes, mas que nunca desceu e se infiltrou completamente na extensa camada popular. Tal como o imperador, no seu palácio de Pequim, estava distante das pessoas comuns, assim o Céu era remoto e impessoal para a grande massa de trabalhadores agrícolas e aldeões pobres. A sua religião era a veneração dos espíritos e dos antepassados, embora também isso, de forma gradual, tenha adquirido características de outras religiões.

Confúcio (551-479 a. C.)

Existe alguma incerteza quanto às origens de Confúcio, mas parece provável que fosse originário de uma família aristocrata empobrecida. Recebeu uma boa educação e tornou-se um sábio, atraindo muitos discípulos. Algumas das suas interpretações da filosofia e da tradição antigas, especialmente no tocante a assuntos de ética e de filosofia social, eram inovadoras. Ele acreditava que o Céu o tinha escolhido para revitalizar a cultura e a moralidade estabelecidas pelos imperadores sagrados em tempos ancestrais.

Após a sua morte, os seus discípulos começaram a espalhar e a desenvolver as suas ideias. Em última instancia, o Confucionismo transformou-se numa espécie de religião de estado, na China, atacando com frequência outras religiões como o Budismo e o Tauismo. Erigiram-se templos em honra de Confúcio e ofereciam-se-lhe sacrifícios na Primavera e no Outono, tal como se fazia em relação ao Céu. Apesar disto, deve sublinhar-se que o Confucionismo nunca existiu como religião independente. Trata-se, mais precisamente, de um termo que cobre conceitos filosóficos e políticos que constituíam o suporte do governo e da burocracia imperiais, apesar de a ética do confucionismo ter invadido largos sectores da população chinesa.

Uma das ideias fundamentais de Confúcio era de que a natureza e o universo estão em harmonia, e que tal se deverá também aplicar ao homem. Com essa finalidade, Confúcio adoptou alguns conceitos chineses antigos e moldou-os aos seus próprios objectivos. Tau é a harmonia primordial do universo ou, por outras palavras, o relacionamento bom e equilibrado entre todas as coisas. Essa harmonia constitui um modelo para a sociedade, na qual o indivíduo deverá também tentar viver em compreensão e harmonia, o que conseguirá se o seu eu profundo estiver em consonância com tao, porque encontrará então o incentivo requerido, te, ou curso correcto da actuação.
De forma a atingir a harmonia com tão, o homem necessita de conhecimento e de compressão, o que poderá obter se estudar a tradição, o passado, aprendendo assim as regras de procedimento correcto, a celebração fiel dos rituais e das cerimonias religiosas, e qual o seu próprio lugar na sociedade.
Confúcio via o homem como naturalmente bom, provindo todo o mal da sua falta de conhecimento. A educação implica, por isso, a transmissão do conhecimento correcto.
O lugar do indivíduo na sociedade é regulado por cinco relações: a relação entre senhor e servo, pai e filho, mais velhos e mais novos, homem e mulher e entre amigos. Significa isto que o soberano deveria ser bom e o servo leal. Significa também que o pai deveria amar e o filho respeitar, uma ideia ligada á veneração dos antepassados. E significa ainda que o homem deveria ser justo e a mulher obediente. O ideal para todos os homens, e os conceitos mais importantes para Confúcio, são a piedade, o respeito e a reverência.

Confúcio acreditava que um ser sobrenatural o tinha inspirado: «O Céu concebeu a virtude dentro de mim.» Mas o céu não era, para ele, um deus pessoal. Apesar do facto de esse deus lhe ter concedido inspiração e direcção, ele não encontrava a sua ética nos preceitos morais legados pelo referido deus.
Importante para Confúcio era que os deuses fossem venerados convenientemente, e que os rituais, sacrifícios e cerimónias fossem executados de maneira correcta, já que isto mostrava piedade de cada um. Mas ele não se preocupava com assuntos religiosos ou metafísicos. «Mostra respeito pelos deuses, mas mantém-nos à distância» é uma citação que lhe é atribuída, e, em resposta a questões sobre a vida depois da morte: «Quando nem mesmo a vida se compreende, como se poderia entender-se a morte?»


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Budismo


O fundador do Budismo, Siddhartha Gautama (aproximadamente entre 560 e 480 a. C.), que escreveu no Nordeste da Índia, era filho de um rajá (Rei ou Príncipe indiano). Existem varias histórias, mais ou menos lendárias, a respeito da sua vida, mas o aspecto que mais se salienta são os seguintes:

O príncipe Siddhartha cresceu num berço de luxo. O rajá tinha ouvido a profecia que o seu filho ou se tornaria um líder mundial, ou então iria tomar o rumo oposto, renunciando a tal, se lhe fosse permitido testemunhar a necessidade e o sofrimento do mundo. Para impedir que isso sucedesse, o rajá tentou proteger o filho do mundo exterior aos muros do palácio – rodeando-o, simultaneamente, de prazeres e divertimentos. Ainda jovem, Siddhartha desposou uma prima e manteve um harém de bailarinas deslumbrantes.

Aos vinte e nove anos, ele teve uma experiencia de algo que viria a demonstrar ser um ponto de viragem na sua vida. Apesar das ordens de seu pai, Siddhartha aventurou-se para fora do palácio e viu um ancião, um enfermo e um cadáver em decomposição. Depois destas impressões descoroçoantes, porém, ele teve a visão de um asceta com uma expressão radiante e alegre. Chegou à conclusão de que uma vida de riqueza e de diversão era uma existência vazia e sem significado. E interrogou-se: haverá alguma coisa que transcenda a velhice, a doença e a morte? Sentiu-se também invadido por um sentimento de compaixão pela humanidade, e por um apelo para a redimir do sofrimento. Meditando, regressou ao palácio, e nessa mesma noite renunciou à sua vida muito conveniente como príncipe. Sem se despedir, abandonou a mulher e o filho e partiu para uma vida «errante».


As narrativas contam que Siddhartha, após uma vida de abundância, se voltou para o extrem oposto, ou seja, para a prática ascética. Forçou-se a comer cada vez menos, até conseguir, por fim, segundo a lenda, subsistir com um único grão de arroz diário. Esperava vencer, dessa forma, o sofrimento. Mas nem os exercícios ascéticos nem o ioga lhe deram aquilo que buscava. Entrou, assim, na «via do meio», buscando a salvação através da meditação. E, aos trinta e cinco anos, depois de seis anos de vida como asceta, alcançou a iluminação (bodhi) quando meditava, sentado debaixo de uma figueira nas margens de um afluente do Ganges. Tinha-se tornado um buddha, que significa «o iluminado». A conclusão a que Buda tinha chegado era de que todo o sofrimento do mundo era causado pelo desejo e pela ânsia. Apenas suprimindo o desejo se poderá escapar a encarnações futuras.


Durante sete dias e sete noites Buda esteve sentado sob a sua árvore da iluminação. Adquiriu a compreensão de uma realidade que não é transitória, uma realidade absoluta acima do tempo e do espaço. No Budismo, este estado é conhecido por nirvana. Ao vencer o seu desejo ardente pela vida, que o tinha amarrado à existência, Buda deixou de dar azo a qualquer Karma futuro, terminando ai a sua sujeição à lei do renascimento. Tinha obtido a salvação para si próprio, e estava aberto o caminho para que abandonasse o mundo e acedesse ao nirvana final. Mas o deus Brama incitou-o a divulgar os seus ensinamentos. E então, uma vez mais, Buda sentiu compaixão pelos seus semelhantes e por todas as outras coisas vivas. «Olhou para o mundo exterior com um olhar contemplativo de Buda» e decidiu «abrir as portas da eternidade» àqueles que o escutassem. Buda tinha decidido tornar-se o guia da humanidade.

Buda dirigiu-se então para Benares que, mesmo naquela altura, era um centro religioso. Ali falou pela primeira vez em publico, no famoso discurso de Benares, que contém os elementos mais importantes da sua doutrina. As «rodas da instroção» tinham agora sido postas em movimento.
Alguns monges mendicantes seguiram Buda e, durante mais de quarenta anos, ele e os seus discípulos vaguearam pelo Nordeste da Índia.


Logo de inicio, os seguidores de Buda dividiram-se em dois grupos, os leigos e os monges, cada um deles com as suas obrigações específicas.

Quando estava com cerca de oitenta anos, Buda sentiu-se repentinamente doente e despediu-se dos seus discípulos. Antes de morrer, dirigiu-se à multidão pesarosa que o rodeava e disse: «Talvez alguns de vós tenham este pensamento:”As palavras de mestre pertencem ao passado, e deixámos de ter um professor.” Mas não é assim que devereis encara-lo. A instrução (dharma) que vos dei será o vosso mestre quando eu tiver partido»




O Hinduísmo


Contrariamente às outras religiões mundiais (Cristianismo, Islamismo, etc.), o Hinduísmo não tem um fundador, nem um credo determinado ou uma organização. Representa-se a si mesmo como «a religião eterna» e é caracterizada pela sua enorme diversidade e pela capacidade excepcional que tem demonstrado, ao longo da história, para incluir expressões e pensamentos religiosos novos.
A palavra hindu significa simplesmente «indiano», e talvez a melhor definição de Hinduísmo seja a de que constitui designação das varias formas de religião que se têm desenvolvido na Índia depois de os indo-europeus terem forçado a sua entrada no Norte do território, há três ou quatro milhares de anos. Apesar da sua complexidade, ainda se consegue sentir o Hinduísmo como um todo. Por essa razão, tem sido comparado a uma floresta tropical na qual as várias espécies de animais e plantas se desenvolvem num ambiente excepcional.

O Vedismo

As raízes do Hinduísmo podem ser encontradas algures entre os anos de 200 e 1500 a.C. quando os chamados arianos (isto é «os nobres») começaram a subjugar o Vale do Indo. As crenças desses povos tinham ligações com outras religiões indo-europeias, tais como a grega, a romana e a germânica. Temos conhecimento desse facto através daquilo que se designa por hinos védicos (de veda, que significa «conhecimento»), que eram recitados pelos sacerdotes durante os sacrifícios oferecidos aos seus inúmeros deuses. Os Vedas consistem em quatro colecções, partes das quais remontam aproximadamente a 1500 a. C.
O sacrifício era importante no culto ariano, que faziam ofertas aos deuses de forma a obter os seus favores e a manter as forças do caos sob vigilância. A época conhecida como o último período védico, de 1000 a 500 a.C., constituiu um ponto de viragem no desenvolvimento religioso indiano. De particular importância foram os Upanixades, que se têm mantido, até ao presente, entre os textos hindus mais lidos universalmente. Estão organizados sob a forma de diálogos entre o mestre e discípulo, e introduzem as noções de «Brama», a força espiritual suprema sobre a qual está edificado todo o Universo. Brama é a essência de que nascem todos os seres vivos, onde vivem e para onde regressam ao morrer.

O sistema de castas

Todas as sociedades dispõem de varias formas de distinção e estratificações de classes, mas seria difícil encontrar um país no qual isso tivesse sido praticado tão sistematicamente como na Índia. Desde os tempos primitivos que têm existido quatro classes sociais ( a palavra utilizada em sânscrito é varna, que significa «cor»):

- Sacerdotes (Brâmanes)

- Guerreiros

- Agricultores, Mercadores e Comerciantes

-Servos

Gradualmente, á medida que a sociedade indiana se foi desenvolvendo, as pessoas foram divididas por castas. No princípio do século XX existiam aproximadamente três mil castas diferentes. Não está claro como surgiu o sistema de castas, e não há provas irrefutáveis de que ele seja uma evolução do sistema de quatro classes. Seria mais verdadeiro dizer-se que este sistema de classes se adequa bem às castas.
A maioria das castas estão associadas a negócios específicos. Uma aldeia indiana pode conter entre vinte a trinta destas castas, ocupando cada uma delas, muitas vezes, um pequeno agrupamento específico de casas. Cada casta possui as suas próprias regras sobre conduta e pratica religiosa, determinando com quem poderão casar, o que podem comer, com quem se poderão associar e a que espécie de trabalho se podem dedicar. O fundamento religioso deste sistema é a noção de pureza e impureza. Os contrastes entre o que é «limpo» e «sujo» permeiam todo o Hinduísmo. Para um Brâmane, tudo o que tenha a ver com coisas corporais ou materiais é impuro. Se ele se tiver tornado impuro em função do nascimento, da morte ou do sexo – ou através do contacto com um individuo sem casta ou de uma casta inferior -, existem algumas formas para que possa purificar-se. O método tradicional de purificação mais conhecido é o banho com a água de um dos muitos rios sagrados da Índia, como o Ganges.
As normas que regem a pureza constituem a base para a partilha de trabalho no seio da comunidade. Certas actividades ou tipos de trabalho são tão impuros que apenas determinadas castas os poderão executar. Essas castas têm a obrigação de ajudar outros grupos a manterem-se puros. Por outro lado, somente as castas que preenchem os requisitos de pureza podem aproximar-se dos deuses mais elevados. De forma a facilitar-lhes essa tarefa, outras pessoas terão que ser impuras. Mas todos beneficiam da pureza dos «puros», porque todos os hindus tiram proveito da observância dos ritos.
O sistema de castas deu contexto à vida dos indevidos indianos. Ser banido da casta representa o pior castigo que se possa imaginar, a que apenas se recorre em crimes particularmente graves. Os que estão situados mais abaixo no sistema de castas são os «intocáveis», ou «sem casta» (frequentemente designados por párias), pessoas, por exemplo, como lixeiros, ou que trabalhem com peles de vaca, ou criminosos.
As regras complexas que regulamentam o contacto social entre as castas costumavam ser muito rígidas. Mas a constituição indiana, instaurada em 1947, introduziu a proibição da descriminação com base na casta. No entanto, a legislação não é suficiente para por fim a divisões sociais e religiosas ancestrais, pelo que o sistema de castas ainda desempenha um papel importante, sobretudo nas aldeias.



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Doutrina Judaica


A convicção Judaica mais profunda é: Deus «escolheu» o seu povo – não porque tivesse virtudes especiais, mas precisamente porque deus amava aquele povo. No princípio da história de Israel, Deus incumbe Abraão com a missão de partir para a Terra Prometida: Eretz Israel. Por Deus a ter escolhido terra e cidade para viver, ainda hoje é considerada sagrada no Judaísmo. Os fiéis dirigiram-se para a Terra Prometida que era considerada o centro do mundo.
Moisés é venerado pelos judeus como o maior profeta (o pai dos profetas), que confiou a Tora ao seu povo. É á sua luz que são entendidos a ordem e o ensinamento divinos, a sabedoria, a palavra e o caminho, a lei sagrada. Deus fez uma «aliança» com o seu povo eleito. A aliança mais importante para a história de Israel é a aliança de Deus com Abraão, cujos descendentes devem ser tão numerosos como as estrelas.
No centro do Judaísmo, a par das intenções da aliança, encontra-se a aspiração à «santidade». Uma vez que Deus é «sagrado», o seu povo também tem de ser «sagrado». Este conceito estende-se também a todo o âmbito «puro» do culto e da moral. A impureza está-lhe em oposição. o Judaísmo da vida individual e colectiva é marcado pelos mandamentos divinos(mizwot), que dizem respeito a todos os âmbitos da vida: evolução do homem, alimentação, bebida, habitação, vestuário, aproveitamento do tempo durante o trabalho, descanso (sabat), grandes festas e solenidades ao longo da vida.

Conceito do deus Judaico


A crença de Israel na existência de um deus não é originalmente monoteísta, mas henoteísta. No centro da veneração exclusiva encontra-se Javé. Israel venera apenas este Deus único. Não significando com isto que outros povos não venerem outros deuses. No entanto, esses deuses não têm qualquer significado para Israel. Os profetas cautelosos, exigentes, eminentes e conselheiros reivindicam-se embaixadores de Javé. Proclamam Javé como o único Deus, que está acima dos outros deuses.

A proibição das imagens


No segundo mandamento do Decálogo (Dez Mandamentos) é exigido : «não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas. Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás» (segundo Livro de Moisés 20, 4-5)

O nome de Deus

No monte Sinai, o Deus de Israel apresenta-se com a seguinte frase: «Eu sou Javé». Este nome divino tem origem na forma primitiva hebraica composta por quatro consoantes: IHVH. Na forma vocalizada escreve-se «Jahvé» e não – como se escrevia erroneamente na Idade Média - «Jeová». IHVH significa: «Ele é» ou seja «Ele revela-se». De acordo com o segundo Livro de Moisés (3, 14) Javé revela-se a Moisés com as seguintes palavras: «Eu sou Aquele que sou».

Judaísmo

Os judeus vivem de acordo com os mandamentos da Tora, pois amam o Deus que escolheu o seu povo. A crença na obediência ao Deus da Tora leva à «consagração do quotidiano». Tudo é submetido á Tora, nenhum âmbito da vida é excluído. Todos os regulamentos, rituais e a sua simbologia formam uma unidade com os diferentes actos dos Judeus religiosos.

O Messias e a Era Messiânica

Das outras ideologias do Judaísmo faz parte a crença no Messias, ou seja, na Era Messiânica. O conceito hebraico «Messias» significa «Ungido». Antigamente, quando os Judeus nomeavam um rei ou um sacerdote deitava-se um pouco de óleo sobre a cabeça para ungir, isto é, marcar a pessoa. A designação «ungido» significa que o Messias irá ser um verdadeiro dirigente politico ou religioso. O Messias eleito por Deus é uma pessoa incumbida de missão especial para com o povo Israelita de Deus. O Messias podia ser o rei, o sumo-sacerdote, finalmente, também um profeta iluminado pelo espírito de Deus.
Desde o exílio da Babilónia (de 586 a 538-39 a. C.) que a espera da vinda do Messias faz parte da ideologia da fé Judaica. O Messias é considerado o rei ideal que, através da sua presença, ajuda o povo a recuperar a grandeza e prestígio. No futuro Reino de Deus na Terra imperarão a paz e a justiça. O Messias deve provir de uma tribo de Judá, restabelecer o reino Judaico, a Casa de David, recuperar o Templo destruído e fazer de Jerusalém a capital.
Nos circuitos não ortodoxos, o discurso é acerca de uma «desmitologização e de uma despersonalização do messianismo». «nesta concepção, o Messias torna-se símbolo de esperança (…) uma vez que a ênfase recai na origem do Reino de Deus e não no Messias, uma nova evolução do Judaísmo poderia renunciar ao Messias corporizado» (Schalom Ben-Chorin).


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os cinco artigos da profissão de fé Islâmica


O Islamismo tem suas origens na Arábia, e está ainda ligado á cultura árabe. Uma das razões porque isso acontece prende-se com o facto de o livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, estar escrito em árabe. A palavra árabe islam (Islamismo) significa «submissão» ou «devoção», e a partir do seu nome pode apurar-se algo de essencial a cerca desta religião. O homem deve devotar-se totalmente a Deus, e submeter-se á Sua vontade em todas as áreas da vida.

O Islamismo é apresentado em duas partes:

- Cinco artigos da profissão de fé

- Conjunto de deveres que todo o muçulmano deve cumprir

Os cinco artigos da profissão de fé são:

- Crença num Deus único

-Crença no anjo de Deus

- Crença nos livros de Deus


-Crença nos enviados de Deus


- Crença no juízo final

A corrente maioritária Islâmica dos Sunitas acrescenta a estas uma sexta crença – a crença na predestinação.

Crença num Deus único - no Islamismo, o cerne do encontro com a divindade reside na crença num Deus único. Na shahada (profissão de fé), os muçulmanos testemunham diariamente e em público que «não existe nenhuma divindade a não ser Deus [Alá]» e «Muhammad é o ultimo mensageiro e profeta de Deus».

Crença no anjo de Deus – Os anjos celestes louvam Deus e exultam a sua gloria; em nome de Deus, também guardam e protegem os homens, registam os seus actos, recebem as almas dos mortos. O Alcorão nomeia alguns anjos, como é o caso de jibril (Gabriel), que transmitiu o Alcorão a Muhammad. O Alcorão distingue dois grupos de anjos: «as sentinelas do inferno» e os «Aproximados». O ser humano está acima dos anjos, pois ao contrário dos seres celestiais, isentos de pecados, sabe optar entre o bem e o mal.

Crença nos livros de Deus– a fé nos livros sagrados abrange, essencialmente, o Saltério, a Tora, o Evangelho, resumido num livro, e, em primeiro lugar, o Alcorão: «creio no livro que Deus me revelou. Recebi ordem de julgar justamente entre vós» (XLII, 14).

Crença nos enviados de Deus – algumas suras (versículos) do Alcorão fazem menção a enviados pré-islâmicos, tais como Abraão, Moisés ou Jesus, que levaram escritos a vários povos para que estes fossem «bem guiados». Como os homens se mostravam indiferentes á mensagem divina, novos mensageiros iam sendo incumbidos de os alertar e guiar pelo caminho recto.

Ibraim (Abraão) é de excepcional importância no Islamismo - «fala de Abraão no livro, pois ele era justo e profeta» (XIX, 42). O Alcorão considera-o o primeiro muçulmano, «seguidor da verdadeira fé» sendo venerado como «modelo para o homem», «confidente» e «amigo de Deus».

Musa (Moisés), é mencionado como mensageiro incumbido por Deus de transmitir uma mensagem monoteísta, Moisés passa por grandes atribulações, acabando, no entanto, por ser salvo dos inimigos que o queriam aniquilar. É, alem disso, considerado o grande chefe dos Israelitas, enquanto receptor e anunciador da lei divina. O Alcorão descreve inúmeras vezes o seu encontro com o faraó.

Isa (Jesus) como mensageiro desempenha um papel muito importante no Islamismo. As referencias a Jesus integram-se nas narrativas dos profetas (XIX, 1-40). É considerado abd ( «servo»), nabi(«profeta»), rasul(«mensageiro, enviado»), masih(«messias»), Kalima(«palavra de Deus»), ruh(«espírito de Deus») e o portador do indschil(«evangelho»).
É visto como «filho de Maria», mas não como «filho de Deus», porquanto isso colidiria com o monoteísmo, Jesus é invocado como testemunha contra os Cristãos, que em vez de realçarem o carácter monoteísta da sua mensagem, já anteriormente anunciado por outros profetas, o divinizaram, transformando-o na sua doutrina da Trindade. São-lhe atribuídas qualidades excepcionais, que o Alcorão não confere, na totalidade, a nenhum outro ser humano, nem mesmo a Muhammad: como Adão, Isa não tem progenitor humano - «…é, na verdade, semelhante a Adão. Deus criou-O do pó e disse-lhe: “Sê” e ele foi» (III, 52). Por ser pura, a sua mãe, Maria, é escolhida por Deus «de entre todas as mulheres» (III, 37). Jesus faz ayat( plural Da palavra árabe aya, que, alem de «versículo», significa «sinal» e «milagre») – cura doentes, ressuscita mortos….Ele próprio é considerado um «sinal de Deus», através do qual este comunica aos homens a Sua vontade de os acolher com misericórdia. Esta característica distingue-o de todos os outros profetas, inclusive de Muhammad.

Crença no juízo final – logo após o falecimento, o anjo da morte, Izrail, transporta a alma do finado para o céu, onde é submetido a um julgamento provisório. Só a alma de um crente pode aspirar a entrar no Paraíso, que permanece fechado a todos os outros. Contudo, a alma regressa ao corpo, trate-se ou não de um crente. Ao funeral, segue-se o julgamento intermédio na sepultura. Ao pescoço do falecido dependura-se um rolo de pergaminho onde estão registadas as boas e as más acções praticadas em vida. Dois anjos confrontam o morto com as seguintes perguntas: «Quem é o teu Deus?» (resposta: Alá) «Quem é o seu profeta?» (resposta: Muhammad) «Qual a direcção da tua oração?» (resposta: Meca), se o falecido responder correctamente a todas as perguntas, os anjos autorizam-lhe a entrada no Paraíso; se, pelo contrário, ignorar as respostas, os anjos castigá-lo-ão, já na sepultura, confirmando a sentença anteriormente proferida. As almas ou vão para o Paraíso ou são lançadas às chamas do inferno. Existe um estado de purificação para as almas crentes que pecaram em vida. Após o julgamento provisório e o estado de purificação segue-se a fase de espera do Juízo Final.
No dia do Juízo Final, o anjo Israfil toca então a trombeta, e todos os seres vivos, incluindo os anjos, morrem. Depois, Deus começará por despertar os anjos, em seguida Muhammad e, por fim, todos os seres humanos para o Juízo Final, no qual, os condenados seguirão para o inferno, enquanto os justos e os crentes entrarão no Paraíso.

Falar de religiões do mundo


Vivendo nós hoje num mundo cada vez mais anti-religioso, onde muitas vezes nem a nossa própria religião conhecemos bem – história, culto, etc. – decidi nos próximos dias partilhar convosco o pouco conhecimento que detenho de outras religiões. Em cada mensagem falarei de uma religião e muito em especial daquilo que mais nos aproxima e afasta.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A queima de Livros Sagrados



Embora o Pastor Terry Jones tenha desistido da ideia de queimar o Alcorão, livro sagrado do Islão, houve quem lhe seguisse o exemplo e executasse tal infâmia, tal crime religioso! Com os seguintes argumentos:

“o pastor Bob Old (à esquerda na foto) de Springfield, no Tennessee, explicou a sua atitude dizendo acreditar que os muçulmanos veneram "um deus falso".”

“"Têm um texto falso, um falso profeta e umas escrituras falsas", afirmou perante uma TV local, acompanhado por outro pastor, Danny Allen”

“Também uma igreja no Kansas e um grupo do Wyoming, denominado "equipa de resposta à tirania", levaram a cabo actos semelhantes.”

Argumentos esses que são falaciosos, senão vejamos:

"um deus falso"?


Como se o Deus do Islão é o mesmo dos Cristão e dos Judeus?
As três religiões são originárias da mesma região do globo, as três religiões reconhecem Abraão, Moisés assim como a maioria dos Profetas como mensageiros de Deus! Alias, os Islão reconhece Jesus como Profeta!!

"Têm um texto falso, um falso profeta e umas escrituras falsas"?

Que autoridade Têm estes senhores para se arrogarem de ser detentores da “verdade”? Terão eles assim tão certos de professarem a verdadeira fé?
Alias, como nos diz o comunicado do Conselho Pontifício do Vaticano para o Diálogo Inter-religioso, “O plano de queimar exemplares do Alcorão no dia 11 de setembro seria uma "grave ofensa contra um livro considerado sagrado por uma comunidade religiosa"”

"equipa de resposta à tirania"? Já Cristo nos dizia:

“«Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém quiser litigar contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa. E se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem te pedir emprestado.»Amor aos inimigos - «Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos? E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste.»” (Mt 5 38-47)

Ler mais:

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1661237&seccao=EUA e Am%E9ricas

http://d24am.com/noticias/mundo/igreja-catolica-uniao-europeia-e-arabes-criticam-pastor-dos-eua/6775



quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Respeito religioso mútuo, respeito pela diferença



Nestes últimos anos tem crescido em todo o ocidente um racismo religioso generalizado!

Mas nunca se tinha visto uma intenção tão racista como a do Pastor Terry Jones, líder de uma pequena igreja cristã evangélica do estado da Florida, que, no próximo sábado pretende queimar 200 exemplares do livro sagrado dos muçulmanos!
Terry Jones em declarações á comunicação social proferiu as seguintes declarações:

“"O Islão e a Charia [lei islâmica] são responsáveis pelo 11 de Setembro", disse o pastor da Flórida. "É o momento dos cristãos, das igrejas e dos responsáveis políticos de dizerem 'Não', o islão e a Charia não são benvindos nos Estados Unidos." Terry Jones acusa ainda o Islão de ser "uma religião diabólica". O pastor tenciona queimar o Alcorão à porta da sua igreja, em Gainsville , a 500 quilómetros de Miami.”

As reacções não se fizeram esperar:

“O general Petraeus criticou ontem a iniciativa, dizendo que ela poderá colocar em perigo a vida de soldados americanos. "Estou muito inquieto com as repercussões possíveis da hipótese de queimarem um Alcorão", explicou o general, em comunicado. "É precisamente o género de acções que os talibãs usam e que poderá colocar problemas significativos."”
“O simples rumor da intenção de uma queima já provocou agitação em Cabul. Ontem, centenas de pessoas protestaram na capital afegã e chegaram a apedrejar veículos militares. Os manifestantes gritavam "morte à América" e alguns deles, citados pelas agências, diziam que a decisão de queimar o Alcorão partira dos EUA e "do Presidente americano".”

“A ideia de queimar o livro sagrado dos muçulmanos foi criticada por grupos islâmicos americanos e já motivou uma posição do porta-voz do ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, segundo o qual o auto-da-fé provocaria "sentimentos incontroláveis" em todo o Islão. "Aconselhamos os países ocidentais a impedirem a exploração da sua liberdade de expressão para insultar os livros santos", disse o mesmo porta-voz.”
“Indonésia, grupos radicais muçulmanos ameaçam lançar uma "guerra santa" se a iniciativa for concretizada. A minoria cristã local teme um surto de violência e um grupo de igrejas cristãs protestantes na Indonésia lançou um apelo a Barack Obama para que impeça a acção do pastor Terry Jones.”

“A secretária de Estado norte- -americana, Hillary Clinton, afirmou que queimar o Alcorão é um "desrespeito e um acto vergonhoso". Por sua vez, a chanceler alemã, Angela Merkel, condenou a iniciativa, classificando-a de "odiosa".”
Ler mais:

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1657359&seccao=EUA e Am%E9ricas

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1658168&seccao=EUA e Am%E9ricas

São reacções de repúdio, de condenação, mas, acima de tudo de ódio e de medo!
A ocidente o medo de sofrer novos atentados!
No mundo Islâmico o ódio ao ocidente, muito em especial aos E.U.A.!
No entanto poucos são aqueles que se preocupam, ou se referem ao que de mais importante está por de traz de tudo isto, o respeito religioso mútuo, o respeito pela diferença! Só o Vaticano e a Liga Árabe:

“O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Musa, qualificou nesta quarta-feira de "fanático" o pastor evangélico americano que pretende queimar um exemplar do Alcorão no sábado. "Há uma crescente maioria nos Estados Unidos contra este fanático", disse Musa, em uma referência Terry Jones, pastor da igreja Dove World Outreach Center, criada em 1986 e localizada em Gainesville (Flórida).”
“"Nós queremos ver a reacção das pessoas educadas nos Estados Unidos contra o enfoque destruidor deste fanático", completou Musa.”

“O plano de queimar exemplares do Alcorão no dia 11 de Setembro seria uma "grave ofensa contra um livro considerado sagrado por uma comunidade religiosa", advertiu nesta quarta-feira o Vaticano.”
“O Conselho Pontifício do Vaticano para o Diálogo Inter-religioso, o equivalente a um ministério, expressou "intensa preocupação com o projecto de um 'Koran Burning Day' (Dia de Queimar o Alcorão) no dia 11 de Setembro", aniversário dos atentados de 2001 nos Estados Unidos.”
“"Cada religião, com seus livros sagrados, seus locais de culto e símbolos, merece respeito e protecção", afirma um comunicado do conselho.”

Ler mais:

http://d24am.com/noticias/mundo/igreja-catolica-uniao-europeia-e-arabes-criticam-pastor-dos-eua/6775