terça-feira, 15 de março de 2011

Os nossos políticos Católicos e a Doutrina Social da Igreja


Sabendo nós que vivemos num País tradicionalmente Católico, havendo inclusive estudos que comprovam que mais de 80 % dos Portugueses receberam o sacramento do baptismo, é lógico acreditar que mais de 50% dos nossos Políticos sejam Católicos! É por tudo isso, é inadmissível as politicas por eles praticadas, á luz da Doutrina Social da Igreja!

Senão vejamos:


“Os modos concretos como a comunidade política organiza a própria estrutura e o equilíbrio dos poderes públicos, podem variar, segundo a diferente índole e o progresso histórico dos povos; mas devem sempre ordenar-se à formação de homens cultos, pacíficos e benévolos para com todos, em proveito de toda a família humana.” (G.S. 74)

“Para estabelecer uma vida política verdadeiramente humana, nada melhor do que fomentar sentimentos interiores de justiça e benevolência e serviço do bem comum e reforçar as convicções fundamentais acerca da verdadeira natureza da comunidade política, bem como do fim, recto exercício e limites da autoridade." (G.S. 73)

“Todos os cristãos tenham consciência da sua vocação especial e própria na comunidade política; por ela são obrigados a dar exemplo de sentida responsabilidade e dedicação pelo bem comum, de maneira a mostrarem também com factos como se harmonizam a autoridade e a liberdade, a iniciativa pessoal e a solidariedade do inteiro corpo social, a oportuna unidade com a proveitosa diversidade. Reconheçam as legítimas opiniões, divergentes entre si, acerca da organização da ordem temporal, e respeitem os cidadãos e grupos que as defendem honestamente……. Deve atender-se cuidadosamente à educação cívica e política, hoje tão necessária à população e sobretudo aos jovens, para que todos os cidadãos possam participar na vida da comunidade política. Os que são ou podem tornar-se aptos para exercer a difícil e muito nobre arte da política, preparem-se para ela; e procurem exercê-la sem pensar no interesse próprio ou em vantagens materiais.” (G.S. 75)

“Aderindo fielmente ao Evangelho e realizando a sua missão no mundo, a Igreja -a quem pertence fomentar e elevar tudo o que de verdadeiro, bom e belo se encontra na comunidade dos homens - consolida, para glória de Deus, a paz entre os homens.” (G.S. 76)


Se o homem se deixar ultrapassar e não prever a tempo e horas a emergência dos novos problemas sociais, estes tornar-se-ão demasiado graves para poder esperar-se para eles uma solução pacífica.” (O.A. 16)

“Tomar a sério a política, nos seus diversos níveis, local, regional, nacional e mundial, é afirmar o dever do homem, de todos os homens de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade. A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros. Sem resolver todos os problemas, naturalmente, a mesma política esforça-se por fornecer soluções, para as relações dos homens entre si. O seu domínio é vasto e abrange muitas coisas, não é porém, exclusivo; e uma atitude exorbitante que pretendesse fazer da política algo de absoluto, tornar-se-ia um perigo grave. Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, esforçar-se-ão os cristãos, solicitados a entrarem na acção política, por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho e, dentro de um legítimo pluralismo, por dar um testemunho, pessoal e colectivo, da seriedade da sua fé, mediante um serviço eficaz e desinteressado para com os homens.” (O.A.46)


“Misturadas com as diversas correntes e a par das aspirações legítimas insinuam-se também orientações ambíguas; por isso, o cristão deve operar uma selecção e evitar de comprometer-se em colaborações incondicionais e contrárias aos princípios de um verdadeiro humanismo, mesmo que tais colaborações sejam solicitadas em nome de solidariedades efectivamente sentidas. Se ele quiser, de fato, desempenhar um papel específico como cristão, em conformidade com a sua fé - aquele papel que os próprios não crentes esperam dele - ele deve velar, no decurso do seu compromisso activo, para que as suas motivações sejam sempre esclarecidas, para transcender os objectivos prosseguidos, com uma visão mais compreensiva, a qual lhe servirá para evitar o escolho dos particularismos egoístas e dos totalitarismos opressores.” (O.A. 49)

“A Igreja convida todos os cristãos para uma dupla tarefa, de animação e de inovação, a fim de fazer evoluir as estruturas, para as adaptar às verdadeiras necessidades actuais….. Cada um deve ter muito a peito o examinar-se a si mesmo e o fazer brotar em si aquela liberdade verdadeira segundo Cristo, que abra para uma visão universal, no meio dos condicionamentos mais particulares.” (O.A. 50)

Ler mais:

http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_sp.html

http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/apost_letters/documents/hf_p-vi_apl_19710514_octogesima-adveniens_po.html

http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html#A COMUNIDADE POLÍTICA

segunda-feira, 14 de março de 2011

“Geração á rasca”? São todas!


Geração á rasca”, foi o titulo atribuído á manifestação ocorrida no sábado passado. As reacções não se fizeram esperar, para uns foi um sucesso, para outros uma vergonha! Para mim nem uma coisa nem outra!
Se por um lado tenho que dar razão a quem se manifestou, pois todos nós estamos á rasca! Por outro lado tenho que dizer que olhando ao facto de não ter ouvido ou lido qualquer proposta ou alternativa criteriosa, tenho também de concordar com quem não se manifestou!

João César das Neves no seu artigo de opinião publicado hoje no jornal Diário de Noticias revela a sua opinião, da qual eu partilho e aqui exponho grande parte.


Estes excertos levam-nos a questionar os verdadeiros fundamentos desta manifestação:


“Muita da irritação destas gerações é compreensível. Têm razão no protesto. Mas é bom lembrar que só há desilusão se antes houver ilusão. Foi o mito da vida fácil com dívida europeia que nos meteu a todos nesta crise. Nisso somos todos, mais ou menos, responsáveis.”

“Normalmente omite a terrível dureza da vida das duas primeiras gerações para se centrar na justa raiva das duas últimas. Assim motiva os protestos. Mas protestos porquê? Protestos contra quem? Será que vale a pena protestar contra a data do nosso nascimento? Contra a sociedade onde caímos? Quereríamos voltar atrás? Não podemos e, se pudéssemos, então era difícil convocar manifestações no Facebook!”

Protestos porquê? Seria razoável os avós dos actuais jovens terem-se manifestado contra a má electrificação? Os pais protestarem por sermos mais pobres que a Europa? Eles fizeram muitas manifestações no seu tempo, por exemplo contra a guerra colonial. Mas aí havia um pedido concreto. Hoje o problema dos protestos é não saberem o que querem que se faça. Sabem o que pretendem, o mesmo que todos queremos. Mas, como todos, não sabem bem como lá chegar.”

“Protestos contra quem? Quem é responsável pelo actual estado de coisas? Vamos acusar as gerações anteriores? De quê? Da electrificação? Da democracia e adesão à Europa? De nos terem trazido o Facebook e darem casa aos filhos, porque o trabalho precário não lhes permite melhor?”

Nos excertos que se seguem somos levados a reflectir sobre a realidade económica, social e política, que as últimas três gerações e a actual foram de algum modo “obrigadas” a viver ou sobreviver. Lançando também um repto de unidade e audácia para melhor preparar cívica e moralmente a geração que se segue:

“Existe ainda uma geração entre nós: aquela que terá cerca de 20 anos em 2030. Esses não têm culpa nenhuma. Seria bom que, em vez de protestar contra o estado da nossa geração, todos nos esforçássemos por melhorar a deles, enfrentando este desafio como enfrentámos os anteriores.”

“Ainda é activa boa parte das pessoas que tinham 20 anos por volta de 1955. Essas não se podem considerar enganadas, porque ninguém lhes disse que ia ser fácil. Viveram a guerra colonial e a prosperidade da ditadura. Mas é bom lembrar que nessa prosperidade tratava-se, por exemplo, de terminar a electrificação nacional. Mesmo com emprego seguro e crescimento geral, tinham uma vida hoje inimaginável.”

“A geração seguinte tinha 20 anos por volta de 1975. Essa não conheceu a guerra, mas fez o 25 de Abril e aderiu à Europa. As descrições românticas do período heróico tendem a esconder o medo, a incerteza, os sacrifícios dessa época. O Portugal que no tempo do salazarismo se sabia atrasado e pobre, mesmo crescendo rápido, deixou de crescer e andou nas notícias mundiais devido à confusão. Depois as coisas acalmaram e fomos o "o bom aluno europeu". Mas também aí a geração não foi enganada, porque todos lhe diziam que seria difícil o desafio. E foi.”

“Seguem-se os que tinham 20 anos por volta de 1995. Esses, de facto, podem dizer-se uma geração enganada. Discursos, debates, projectos, planos prometeram que, chegando ao euro, tudo ia ser fácil. Bastava estudar alguma coisinha e haveria empregos bons e seguros. Eles acreditaram. Para depois descobrirem amargamente aquilo que pais e avós tinham sabido à sua maneira: a vida é dura e ninguém nos garante nada. É verdade que a vida hoje é muito menos dura do que foi nas décadas anteriores, cuja dureza já esquecemos. Mas a frustração não vem do que se vive. Vem da expectativa.”

“Existe depois a geração que tem hoje mais ou menos 20 anos. Essa já não é enganada. Discursos, debates, projectos e planos ainda lhes prometem o mesmo de antes, mas ninguém acredita. Notícias, canções, conversas de café e histórias de amigos não deixam ilusões. Esses, como os que fizeram a electrificação ou o 25 de Abril, sabem à partida que a vida vai ser muito dura. Mas, embora sem ilusões, ainda têm uma amargura que os antigos não tinham. Sentem-se com direito ao que sabem que não vão ter porque, de alguma maneira, admitem os tais discursos, embora em desespero.”

Ler mais:

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1805286&seccao=Jo%E3o C%E9sar das Neves&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1


quarta-feira, 9 de março de 2011

Geração parva, à rasca ou á deriva?


Com o agravamento da crise, das condições laborais, o aumento dos impostos, etc; os movimentos de contestação têm crescido, muito em especial entre os jovens.
Embora eu concorde em parte com toda esta contestação, tenho de dizer que mais do que gritar, vir para a rua! Há que arrumar as ideias, definir objectivos e arregaçar as mangas!


Ser jovem tem de ser sinal de esperança!

Ficam aqui trechos de dois artigos de opinião com que me Identifico a respeito deste tema:

“Porque se estudaram e são escravos, são parvos de facto. Parvos porque gastaram o dinheiro dos pais e o dos nossos impostos a estudar para não aprender nada.”

Felizmente, os números indicam que a maioria dos licenciados não tem vontade nenhuma de andar por aí a cantarolar esta música, pela simples razão de que ganham duas vezes mais do que a média, e 80% mais do que quem tem o ensino secundário ou um curso profissional.”

“É claro que os jovens tiveram azar no momento em que chegaram à idade do primeiro emprego. Mas o que cantariam os pais que foram para a guerra do Ultramar na idade deles? A verdade é que a crise afecta-nos a todos e não foi inventada «para os tramar», como egocentricamente podem julgar, por isso deixem lá o papel de vítimas, que não leva a lado nenhum.”

“Parecem não perceber que só há uma maneira de dizer basta: passando activamente a ser parte da solução. Acreditem que estamos à espera que apliquem o que aprenderam para encontrar a saída. Bem precisamos dela.”

“Dois tipos com ar idiota e anacrónico gozam com os clichés das "canções de intervenção" do período imediatamente posterior ao 25 de Abril de 1974. Apesar de não terem muita graça, permitem a catarse, a sorrir, - a melhor via para a cura de qualquer trauma social - da evidência ridícula dessa faceta de uma geração que, já agora, foi também a geração, à rasca, que enfrentou problemas tão complexos como a ditadura (política, económica e cultural), a Guerra Colonial, o analfabetismo, a pobreza, o atraso civilizacional, a construção de um novo regime, a descolonização e a inflação de dois dígitos. Não se saíram nada mal, convenhamos.”

“Pois a caricatura foi eleita, pelo voto popular, vencedora do festival da RTP. Como duvido que as células revolucionárias mobilizáveis pelo GAC tenham reaparecido e organizado uma chapelada nas urnas, pasmo. Lembro a votação nas presidenciais em José Manuel Coelho, o candidato ridicularizado pela comunicação social. E como, contraditoriamente, o júri regional da RTP rejeitou esses mesmos Homens da Luta. Junto a convocação, anónima, da manifestação da nova "geração à rasca", do dia 12, que abraçou como hino uma canção do grupo Deolinda...”

“Sabem o que me preocupa? É que a cantiga é uma arma, sim senhor. No tempo de José Mário Branco era contra a burguesia. Agora, com este movimento sorrateiro, não sei muito bem contra o que é. Alguém sabe?”

Ler mais:

http://www.destak.pt/opiniao/87876

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1800902&page=-1


terça-feira, 8 de março de 2011

A fé e o monopólio da verdade


“Qualquer pessoa verdadeiramente religiosa já alguma vez disse para si mesma: se tivesse nascido noutro continente, de uma família de outra religião, muito provavelmente a minha pertença religiosa seria outra. Na Índia, seria hindu. Em Marrocos ou na Indonésia, muçulmano. Em Israel, de mãe judaica, seguiria o judaísmo. Na China, seria confucianista ou taoísta. No Japão, xintoísta. Na Europa, em Portugal, cristão católico; na Rússia, cristão ortodoxo; na Suécia, cristão luterano.”

“Como conclui Hans Küng, podemos aprender uns com os outros, não apenas tolerar-nos, mas cooperar; temos o direito de debater sinceramente sobre a verdade: ninguém tem o monopólio da verdade, embora isso não signifique renunciar à confissão da verdade própria - "diálogo e testemunho não se excluem"; cada um deve seguir o seu caminho comprovado, mas conceder que os outros podem encontrar a salvação através da sua religião; vendo as coisas de fora, há diferentes caminhos de salvação, diversas religiões verdadeiras, mas, a partir de dentro - por exemplo, "para mim como cristão crente", só há uma religião verdadeira: a minha; a atitude ecuménica significa ao mesmo tempo "firmeza e disposição para o diálogo": "para mim pessoalmente, manter-me fiel à causa cristã, mas numa abertura sem limites aos outros." “


“Não há verdade abstracta. Por um lado, Deus revela-se na história. Por outro, a pessoa religiosa relaciona-se com o Divino pela mediação histórico-concreta de uma tradição religiosa particular.”

Estes são excertos dos dois últimos artigos de opinião do Pe. Anselmo Borges, publicados no jornal Diário de Notícias. Nesses artigos o Pe. Anselmo Borges fala-nos das raízes da nossa crença, do quanto o local onde nascemos e crescemos condicionam a religião que professamos. Diz-nos também que não devemos ter a presunção de deter “o monopólio da verdade”.

Para escrever estes artigos o Pe. Anselmo Borges inspirou-se na última obra -“Was ich glaube (A minha fé) - do grande teólogo católico Hans Küng, autor de grandes obras literárias que todos nós Católicos deveríamos ler!