sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quais serão os resultados destas revoltas populares nos vários países do Norte de África e do Médio Oriente?


Nas últimas semanas muito se tem falado das revoltas populares em vários países do Norte de África e do Médio Oriente.


O jornal Diário de Noticias de hoje publicou dois artigos de opinião sobre o assunto, um de teor mais político da autoria do senhor António Vitorino, político sobejamente conhecido dos portugueses. E outro da autoria da senhora Maria João Tomás investigadora de estudos Islâmicos, de teor mais social.

O que ambos os artigos têm em comum é a apreensão em relação ao rumo que esses países poderão tomar, tanto a nível político, como social!


António Vitorino:


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1792637&seccao=Ant%F3nio Vitorino&tag=Opini%E3o - Em Foco

“Falar das transições pós-autoritárias leva mesmo alguns autores a tentar construir uma teoria geral sobre o tema. Por muito interessante que o exercício se afigure do ponto de vista académico, cada caso é um caso. As comparações servem, sobretudo, para identificar um conjunto de problemas comuns que se colocam e para aprender (se possível) com os erros já cometidos por outros."


"A estabilização de um novo quadro institucional democraticamente legitimado, a subordinação dos militares ao poder civil, o pluralismo da comunicação social, a formação de partidos políticos, a organização de processos eleitorais credíveis são questões que se incluem na "agenda comum das transições".”


“O movimento em curso, por isso, tem uma origem diluída, um elevado potencial de contestação e de disrupção da ordem pública, mas não gera por si mesmo lideranças nem organizações alternativas. A contestação põe a nu a fragilidade (ou o extremismo, como na Líbia) dos poderes autoritários instituídos, gera o vazio, mas carece de organizações e protagonistas que se prefigurem como alternativas de poder emergentes. É neste ponto que surgem os receios ocidentais de o vazio poder vir a ser preenchido por forças radicais organizadas ligadas ao fundamentalismo islâmico.”

Maria João Tomás:


http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1792626#_page0

“Não creio que o modelo a ser escolhido seja o da democracia ocidental/liberal, porque tem sido muito criticado e é impopular no mundo muçulmano. É apontado como fonte dos mais diversos problemas como, por exemplo, a crise económica e financeira que vivemos. Acresce-se ainda o facto de não haver nos países árabes uma cultura de liberdade política e de princípios de soberania popular, o que torna difícil a compreensão e a aplicação deste regime.”

“A hipótese da democracia turca é encarada como próxima de um possível modelo a adoptar, porque combina os valores do islão e da democracia. É também muito inspirador para os militares que nos países árabes têm um papel muito interventivo e que na Turquia são vistos como árbitro final do poder, tendo afastado extremismos políticos e religiosos do Governo do país.”

“Nesta caminhada para a democracia posiciona-se também o modelo de governo que o islão define e que é o defendido pelos mais conservadores. Transmitido por Alá aos homens através de Maomé, os seus princípios estão escritos no Alcorão e nos relatos da vida de Maomé, mas torna-se muito difícil perceber toda a dinâmica do seu funcionamento e a forma como deve ser aplicado.”

“há quem defenda que o modelo islâmico é uma teocracia porque a soberania é de Alá e cada muçulmano é apenas o seu representante. O poder é delegado nos homens e aquele que o exerce será chamado a prestar contas das suas acções. A legislação está restrita aos limites impostos pela sharia, ou seja, pelas leis de Alá, e os funcionários judiciários são apenas responsáveis perante Alá. As leis têm de ser obedecidas por todos, sem contestação, e não podem ser feitas alterações.”


“A substituição dos actuais regimes no Médio Oriente por democracias é o princípio de uma nova era e existe ainda um longo caminho a percorrer nesta corajosa caminhada que o Egipto e a Tunísia começaram.”






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