domingo, 28 de março de 2010

Caminhos e utopias


O artigo de opinião do Doutor Manuel Maria Carrilho publicado esta semana no jornal Diário de Noticias fala-nos de crise, globalização e consumismo:

“Os produtos especulativos mais perigosos continuam a acumular-se. Os défices públicos aumentam. O nível de produção e o valor dos patrimónios permanecem largamente inferiores ao que eram antes da crise. As falências das empresas aumentam, o desemprego amplifica-se, as famílias não conseguem respeitar os seus compromissos. Enfim, apesar de todos os discursos e promessas, nenhuma regulação do sistema financeiro e nenhuma das alterações estruturais que a crise tornou necessárias se concretizou até hoje. A incapacidade do Ocidente em manter o seu nível de vida sem se endividar - que é a causa mais profunda desta crise - está longe de ter sido ultrapassada."

“Depois de quase duas décadas de globalização tão entusiástica na ilusão do seu triunfo, como imprudente na avaliação dos seus efeitos, eis que a sua primeira verdadeira crise se revela de um dramatismo inesperado. E por duas razões, ou melhor, devido a uma dupla incapacidade: por um lado, a incapacidade para se pensarem as inúmeras interdependências em que, e a todos os níveis, vivemos hoje. E, por outro lado, a incapacidade para se agir sobre elas, de um modo compreensível, pedagógico e eficaz.”

“Se há lição que é preciso tirar da evolução da globalização, é que a interdependência deixou de ser uma garantia contra o risco, para se tornar no seu principal elemento de propagação. Como de resto se vê bem pelas "bolhas" que se têm multiplicado nas últimas décadas a um ritmo sem precedentes na história do capitalismo.”

Deixa-nos também estas questões inquietantes, que toda a sociedade terá de resolver:

“Mas qual pode ser esta opção? Esta é, sem dúvida a mais difícil de todas as questões, mas a iminência da avalanche impõe-na de um modo cada vez mais claro. Como substituir as funções sociais, os modelos comportamentais, as múltiplas expectativas que se associam a esse modelo? Haverá felicidade, individual e colectiva, sem perspectivas de um tal crescimento? Será possível equacionar uma nova ideia de progresso, fora do eixo produtivismo/consumismo?”

Fala-nos dos caminhos que a sociedade global terá de percorres, catalogando-os de utopias:

"A utopia ecológica, que procura estabelecer regras universais que garantam o equilíbrio do planeta - e que sofreu um grande revés com o fracasso de Copenhaga."

"A utopia tecnológica, que aposta sobretudo em "esverdear"o crescimento, acreditando que a humanidade acaba sempre por encontrar soluções técnicas para os seus problemas, nomeadamente para aqueles que decorrem das crises de escassez."

“E a utopia antropológica, que procura estimular uma reflexão de fundo sobre o modo de vida das nossas sociedades, as raízes e os efeitos da extrema dependência em relação ao hiperconsumo nos modelos de vida hoje dominantes. Como bem diz Cohen, esta é a utopia decisiva, porque é ela que "obriga a que nos interroguemos sobre o que há de mais inessencial na civilização material que o Ocidente exportou para o resto do mundo, e a questionar os fundamentos das nossas sociedades".”

Será que não passam verdadeiramente de utopias? Ou será que são deveras o caminho mais coerente para toda a humanidade?

Este artigo leva-me a pensar que toda esta crise se deve á adopção de alguns pecados sociais como virtudes. Senão vejamos:

O consumismo é sinónimo de inveja, quando se torna excessivo e desproporcional, as pessoas adquirem bens que não são de primeira necessidade mesmo sem ter grande poder económico, só para não se sentirem inferiores aos outros, endividando-se excessivamente.

O capitalismo é sinónimo de ganância, quando se torna desproporcionado, os patrões, os gestores, etc, esquecem-se dos seus funcionários e só pensam nos lucros e nos seus prémios.


O individualismo é sinónimo de soberba, quando se torna exagerado, faz com que a pessoa se esqueça do outro, faz com que olhemos para a vida e a sociedade como um campo de batalha, faz com que não olhemos a meios para atingir os nossos objectivos.


Por ultimo e se calhar o mais importante de todos os nossos pecados sociais é o deturpar do sinónimo de felicidade. Hoje em dia ser feliz é ter tudo o que se quer, é fazer aquilo que se quer, é desfrutar de todos os prazeres terrenos como se não houvesse amanhã, etc.


Será que tudo isto é sinónimo de felicidade?


«Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas?
Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos preocupeis, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?' Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.» (Mt 6, 25-34)

Ler mais: http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1527587&seccao=Manuel Maria Carrilho&tag=Opini%E3o - Em Foco




sexta-feira, 26 de março de 2010

keeping the promise


A cinco anos de 2015, Ban Ki-moon actual Secretario Geral da ONU lançou um apelo para que na sessão de Setembro deste ano se reflicta sobre os chamados Objectivos do Milénio. Objectivos esses que foram estabelecidos e aprovados por todos os membros das Nações Unidas no ano 2000, e para alcançar até 2015!
A cinco anos da meta muito está por fazer, mas, Ban Ki-moon ainda acredita que é possível concretizar tal projecto tão ambicioso!
O artigo de opinião do Doutor Mário Soares publicado esta semana no jornal Diário de Noticias dá-nos conta disso, e de muito mais:

“O secretário-geral da ONU entende que temos hoje "os conhecimentos e os recursos necessários destinados a reduzir substancialmente a pobreza, a fome, a doença, a mortalidade materno- -infantil e outros males, até 2015". E vai mais longe. Afirma (cito): "Ficar além dos Objectivos seria um fracasso inaceitável, no plano moral e prático." E acrescenta com extrema lucidez, quanto a mim: "Se fracassarmos a resolução dos perigos do mundo - a instabilidade, a violência, as doenças epidémicas, a degradação ambiental, o crescimento populacional descontrolado -, agravar-se-ão todos." Perigosamente.”

“No apelo lançado, Ban Ki- -moon diz que houve alguns progressos, embora desiguais e lentos. No entanto, afirma que a ausência de maiores progressos deve-se "não ao facto de os Objectivos do Milénio serem inatingíveis ou à falta de tempo, mas sim à circunstância de os compromissos assumidos não estarem a ser respeitados e à falta de recursos suficientes, de motivação e de responsabilização. Isto significa que não têm sido assegurados os financiamentos, serviços, apoio técnico e parcerias necessários. Devido a estas deficiências, a melhoria de vida dos pobres tem sido inaceitavelmente lenta, enquanto alguns melhoramentos, duramente conquistados, estão a ser erodidos pelas crises alimentar e económica".”

“E acrescenta: "Os países necessitam de políticas macroeconómicas, voltadas para o futuro, para apoiar um crescimento estável e amplo, devendo, por exemplo, adoptar políticas de investimento público e promover a protecção social universal". Excelente apelo o do actual secretário-geral da ONU! Assim os líderes dos Estados e dos partidos o compreendam e sigam…”

Ler mais: http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1525713&seccao=M%E1rio Soares&tag=Opini%E3o - Em Foco

terça-feira, 23 de março de 2010

Condições de trabalho em Portugal




No jornal Diário de Noticias de hoje vem uma noticia que nos fala de um dos maiores crimes sociais dos nossos empresários. O trabalho precário!

Aqui ficam pequenos trechos desta notícia:

"Três quartos das ofertas existentes nos centros de emprego [75%] correspondem a trabalhos precários e em regime temporário"

“O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) divulgou, na semana passada, a existência de 18 mil ofertas de trabalho por preencher. A esmagadora maioria desses empregos são publicados por agências de trabalho temporário, lembrou.”

“A ideia de que existe uma recusa maciça de empregos por parte dos desempregados - acusação de associações empresariais - é igualmente rebatida pelos sindicatos. "De acordo com números do IEFP de Junho de 2008, a recusa do chamado 'emprego conveniente' só foi responsável por 0,26% das anulações de subsídios de desemprego"”

“”Não se pode dizer, com ligeireza, que as pessoas não querem trabalhar, o problema é que não há empregos com o mínimo de qualidade, e entre abandonarem o subsídio e irem para um emprego que já sabem que é precário e mal pago, não o fazem", sustenta o sindicalista. Ao aceitar-se um trabalho precário pior remunerado que o anterior - e se voltar ao desemprego alguns meses depois -, o subsídio subsequente já terá um valor menor, na medida em que a percentagem dos 65% será calculada sobre uma base salarial menor. No caso de as contribuições não reunirem o mínimo legal de meses, o acesso à prestação é mesmo vedado.”

É prática recorrente dos empresários Portugueses pagar pouco e exigir muito:
- Recorrer a empresas de recrutamento de trabalho temporário para que o funcionário não tenha qualquer vínculo á empresa.
- Recrutar funcionário em regime de part-time, embora exista trabalho suficiente para ter esse mesmo funcionário a tempo inteiro, obrigando o funcionário ao abrigo da lei a trocar horas de trabalho extra por dias de folga. etc.
Achando esses senhores que conseguem motivar assim os seus funcionários!

Ler mais: http://dn.sapo.pt/bolsa/emprego/interior.aspx?content_id=1525731

sexta-feira, 19 de março de 2010

Hoje é dia do Pai, dia de S. José!



Todos os anos neste dia tinha por hábito dar uma prenda ao meu Pai e felicita-lo pelo facto de ser Pai. Hoje não o posso fazer, pois faleceu o ano passado, no dia 11 de Abril! (Está quase a fazer um ano, e parece que foi ontem!)


Mas, gostaria de deixar aqui o meu repto aos filhos, e a minha homenagem a todos os pais!

O meu repto aos filhos, para que tentem ser bons filhos, compreendendo as inquietações de Pai, aceitando as suas repressões, sendo seus amigos e não esquecendo que eles querem sempre o nosso bem!


A minha homenagem a todos os pais pelo amor que dão aos seus filhos, pelos valores e ensinamentos que lhes transmitem, pelo facto de serem pais!

Ser pai é ser gerador de vida, é ser ídolo de seu filho é ser educador, amigo, compincha é caminhar com seu filho!

Oração a S. José, no «Dia do Pai»

A vós, São José,
recorremos na nossa tribulação,
cheios de confiança
solicitamos a vossa protecção
no dia de hoje para todos os pais de família.

Vós fostes o pai adoptivo de Jesus,
soubestes amá-l’O, respeitá-l’O e educá-l’O
com amor e dedicação,
como vosso próprio filho.
Olhai todos os pais do mundo
e especialmente os da nossa comunidade,
para que, com amor e dedicação,
eduquem os seus filhos
na fé cristã e para a vida.

Protegei todos os pais doentes
que sofrem por não poderem dar saúde,
educação e casa decente para seus filhos.
Protegei todos os pais
que trabalham arduamente no dia-a-dia
para não faltar nada aos seus filhos.
Protegei todos os pais
que se dedicam de corpo e alma à sua família.
Iluminai todos os pais
que não querem assumir sua paternidade.
Iluminai todos os pais
que desprezam seus filhos e esposas.
Enfim, olhai por todos os pais,
para que assumam
e vivam com alegria sua vocação paterna.

Ámen.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A imagem de Deus


No inicio deste ano ocorreram uma serie de acontecimentos (pedofilia, assassínios, etc), de catástrofes naturais (terramotos, tufões chuvas torrenciais, derrocadas, etc) que levaram muitas pessoas a questionar a existência de Deus!

Sempre que acontece algo de mau, algo que o ser humano não consegue controlar, ouve-se logo a seguinte questão: “Onde estava Deus quando isto aconteceu?”
Todos nós criamos na nossa mente uma imagem de Deus que não corresponde na maioria dos casos ao Deus verdadeiro!


A imagem de Deus por nós criada é de um Deus que consegue colmatar as nossas necessidades e caprichos, ou de um Deus juiz, castigador e muralista, de “Deus-relojoeiro de Newton, ajustando a maquinaria do universo”, “Um Deus-providência ao nosso serviço, um superpai que nos proteja da natureza e das suas leis, esquecendo que "Deus não interveio para evitar o Gólgota nem Auschwitz nem evitou pestes, fomes e outros desastres".”

Então em que devemos acreditar?


"Cremos que o mal é também um mistério que dificilmente encaixa na imagem de um Deus omnipotente e misericordioso, sobretudo quando se traduz em sofrimento dos pobres e inocentes." Crêem no Deus que não tem ciúmes do ser humano e lhe deu capacidade criadora - talvez a ciência possa vir a prever os terramotos - e responsabilidade no mundo. Deus defende os pobres e oprimidos e abençoa os que trabalham pela justiça e pela paz.”

“Deus de Jesus deve ser "o grande acicate de justiça e solidariedade para todos os que se chamam cristãos".”

“face ao horror do Holocausto, o filósofo judeu Hans Jonas defendeu a impotência de Deus: em Auschwitz, Deus calou-se, "não porque não quis, mas porque não pôde". Pergunta-se: é claro que o poder e a bondade de Deus não podem ser concebidos ao modo humano, mas que ajuda traz um Deus impotente? Deus solidariza-se com o ser humano na cruz de Cristo.”

“Hans Küng, que reconhece que o mal parece ser "a rocha do ateísmo", pergunta, com razão, na sua última obra Was ich glaube (A minha fé): "O ateísmo explica melhor o mundo" do que a fé em Deus? "No sofrimento inocente, incompreensível, sem sentido, a descrença pode consolar? Como se a razão descrente não encontrasse também neste sofrimento o seu limite! Não, o antiteólogo não está aqui de modo nenhum melhor do que o teólogo."



Ler mais:


quarta-feira, 17 de março de 2010

Ser humano sem género


Numa humanidade tão diversificada como é a nossa, existe uma grande variedade de orientações sexuais!

Ele é heterossexuais, homossexuais, bissexuais……………. Agora, sem género? Neutro?
Será que existe? Parece que sim?!

Norrie May-Welby nascido na Escócia há 48 anos, mas a viver na Austrália desde os sete anos, conseguiu convencer as autoridades daquele país a colocarem a opção "sem género" em todos os documentos oficiais.

Como é possível? Um ser humano que nasce homem (independentemente da sua orientação sexual) quando tinha 28 anos, percebeu que não queria mais ser homem e fez uma operação para mudar de sexo. Depois descobriu que:


"Dizer que sou do sexo masculino ou feminino seria estar a mentir, o que não é aceitável em documentos de identificação"

“May-Welby forneceu todos os relatórios médicos necessários e, em troca, recebeu um certificado no qual o seu género surge como "não especificado".”


Será este homem uma pessoa feliz?

Ler mais: