quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Hinduísmo


Contrariamente às outras religiões mundiais (Cristianismo, Islamismo, etc.), o Hinduísmo não tem um fundador, nem um credo determinado ou uma organização. Representa-se a si mesmo como «a religião eterna» e é caracterizada pela sua enorme diversidade e pela capacidade excepcional que tem demonstrado, ao longo da história, para incluir expressões e pensamentos religiosos novos.
A palavra hindu significa simplesmente «indiano», e talvez a melhor definição de Hinduísmo seja a de que constitui designação das varias formas de religião que se têm desenvolvido na Índia depois de os indo-europeus terem forçado a sua entrada no Norte do território, há três ou quatro milhares de anos. Apesar da sua complexidade, ainda se consegue sentir o Hinduísmo como um todo. Por essa razão, tem sido comparado a uma floresta tropical na qual as várias espécies de animais e plantas se desenvolvem num ambiente excepcional.

O Vedismo

As raízes do Hinduísmo podem ser encontradas algures entre os anos de 200 e 1500 a.C. quando os chamados arianos (isto é «os nobres») começaram a subjugar o Vale do Indo. As crenças desses povos tinham ligações com outras religiões indo-europeias, tais como a grega, a romana e a germânica. Temos conhecimento desse facto através daquilo que se designa por hinos védicos (de veda, que significa «conhecimento»), que eram recitados pelos sacerdotes durante os sacrifícios oferecidos aos seus inúmeros deuses. Os Vedas consistem em quatro colecções, partes das quais remontam aproximadamente a 1500 a. C.
O sacrifício era importante no culto ariano, que faziam ofertas aos deuses de forma a obter os seus favores e a manter as forças do caos sob vigilância. A época conhecida como o último período védico, de 1000 a 500 a.C., constituiu um ponto de viragem no desenvolvimento religioso indiano. De particular importância foram os Upanixades, que se têm mantido, até ao presente, entre os textos hindus mais lidos universalmente. Estão organizados sob a forma de diálogos entre o mestre e discípulo, e introduzem as noções de «Brama», a força espiritual suprema sobre a qual está edificado todo o Universo. Brama é a essência de que nascem todos os seres vivos, onde vivem e para onde regressam ao morrer.

O sistema de castas

Todas as sociedades dispõem de varias formas de distinção e estratificações de classes, mas seria difícil encontrar um país no qual isso tivesse sido praticado tão sistematicamente como na Índia. Desde os tempos primitivos que têm existido quatro classes sociais ( a palavra utilizada em sânscrito é varna, que significa «cor»):

- Sacerdotes (Brâmanes)

- Guerreiros

- Agricultores, Mercadores e Comerciantes

-Servos

Gradualmente, á medida que a sociedade indiana se foi desenvolvendo, as pessoas foram divididas por castas. No princípio do século XX existiam aproximadamente três mil castas diferentes. Não está claro como surgiu o sistema de castas, e não há provas irrefutáveis de que ele seja uma evolução do sistema de quatro classes. Seria mais verdadeiro dizer-se que este sistema de classes se adequa bem às castas.
A maioria das castas estão associadas a negócios específicos. Uma aldeia indiana pode conter entre vinte a trinta destas castas, ocupando cada uma delas, muitas vezes, um pequeno agrupamento específico de casas. Cada casta possui as suas próprias regras sobre conduta e pratica religiosa, determinando com quem poderão casar, o que podem comer, com quem se poderão associar e a que espécie de trabalho se podem dedicar. O fundamento religioso deste sistema é a noção de pureza e impureza. Os contrastes entre o que é «limpo» e «sujo» permeiam todo o Hinduísmo. Para um Brâmane, tudo o que tenha a ver com coisas corporais ou materiais é impuro. Se ele se tiver tornado impuro em função do nascimento, da morte ou do sexo – ou através do contacto com um individuo sem casta ou de uma casta inferior -, existem algumas formas para que possa purificar-se. O método tradicional de purificação mais conhecido é o banho com a água de um dos muitos rios sagrados da Índia, como o Ganges.
As normas que regem a pureza constituem a base para a partilha de trabalho no seio da comunidade. Certas actividades ou tipos de trabalho são tão impuros que apenas determinadas castas os poderão executar. Essas castas têm a obrigação de ajudar outros grupos a manterem-se puros. Por outro lado, somente as castas que preenchem os requisitos de pureza podem aproximar-se dos deuses mais elevados. De forma a facilitar-lhes essa tarefa, outras pessoas terão que ser impuras. Mas todos beneficiam da pureza dos «puros», porque todos os hindus tiram proveito da observância dos ritos.
O sistema de castas deu contexto à vida dos indevidos indianos. Ser banido da casta representa o pior castigo que se possa imaginar, a que apenas se recorre em crimes particularmente graves. Os que estão situados mais abaixo no sistema de castas são os «intocáveis», ou «sem casta» (frequentemente designados por párias), pessoas, por exemplo, como lixeiros, ou que trabalhem com peles de vaca, ou criminosos.
As regras complexas que regulamentam o contacto social entre as castas costumavam ser muito rígidas. Mas a constituição indiana, instaurada em 1947, introduziu a proibição da descriminação com base na casta. No entanto, a legislação não é suficiente para por fim a divisões sociais e religiosas ancestrais, pelo que o sistema de castas ainda desempenha um papel importante, sobretudo nas aldeias.



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