quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Tauismo


O Tauismo baseia-se no livro designado Tao Te Ching, que significa «O Livro de Tao e Te». As expressões taoordem do mundo») e te força vital») são conceitos chineses antigos.
Confúcio deu-lhe uma interpretação diferente.
O Tao Te Ching é um livro pequeno, que contem entre vinte e vinte cinco páginas, e que está dividido em oitenta e um capítulos. Ninguém sabe ao certo quem o escreveu, mas reza a lenda que terá sido Lao-Tzu, filosofo que viveu no século VI a. C., isto é, aproximadamente contemporâneo de Confúcio. As historias sobre a vida de Lao-Tzu são inúmeras e variadas, mas os historiadores não têm sequer a certeza de que ele tenha, de facto, existido. Posta esta advertência, Lao-Tzu será referido como autor do Tao Te Ching no que a seguir apresento.


Tao – o maior dos princípios

Para Confúcio, tau era a suprema ordem e harmonia do universo que o homem deveria seguir. Lao-Tzu considerava também tau como a harmonia do mundo, e especialmente do mundo da natureza. Mas ele foi ainda mais longe. Tau é, efectivamente, a base a partir da qual todas as coisas brotam e são criadas. Por varias vezes tau é descrito como «Céu», ou seja, algo de divino, embora não seja um deus pessoal.
A diferença mais importante relativamente a outras noções de tau, assenta no facto de Lao-Tzu acreditar não ser possível descrever tau de nenhuma maneira racional e directa. «O tau que pode ser descrito, não é o autêntico», declara. Isto significa que o homem não poderá investigar ou estudar a verdadeira natureza do tau, não poderá utilizar o seu intelecto para o compreender. Deve meditar, mergulhar numa tranquilidade distanciada e abandonar todos os pensamentos de coisas exteriores como o lucro ou a promoção. Só então ele conseguirá a unidade com tau, e será preenchido pela força vital te.

Vida Social

Mais que actividade, o tauismo envolve passividade. A acção mais importantes para um tauista sábio é a «inacção», o que tem, obviamente uma grande influencia sobre a sua visão de vida comunal. Enquanto Confúcio pretendia educar o homem através do conhecimento, Lao-Tzu preferia que ele permanecesse ingénuo e simples como as crianças. Confúcio ansiava por regras e sistema fixo, no âmbito da política, ao passo que Lao-Tzu acreditava que o homem deveria interferir o menos possível no desenrolar natural dos acontecimentos. Confúcio desejava uma administração ordenada , mas para Lao-Tzu todas as administrações são más: «Quantas mais leis e quantos mais preceitos existirem, mais ladrões e bandidos haverá» refere o Tao Te Ching.
O estado ideal para Lao-Tzu era a pequena comunidade (vila, aldeia) que ele acreditava ter existido em tempos ancestrais. As pessoas tinham ai vivido em paz e contentamento, sem interesses em entrar em conflito com os seus vizinhos, como as províncias chinesas fizeram mais tarde. O líder deveria ser um filósofo, e a sua única tarefa deveria consistir em servir de exemplo aos demais na sua passividade e no distanciamento das coisas.
A caridade actuante, no seu sentido comum, é estranha para o tauista, mas este possui uma boa vontade ilimitada para com os outros, independentemente de estes serem bons ou maus.

O Tauismo como religião popular

Alguns dos discípulos de Lao-Tzu desenvolveram um misticismo natural em direcções de maior magia, e foram estes elementos ocultos que mais se popularizaram junto das massas, porquanto se fundiram com a superstição a a bruxaria dos tempos antigos. Lao-Tzu acreditava, por exemplo, que um individuo se mantivesse passivo, preservava a sua força da vida por muito tempo, conservando-a saudável e imaculada. Mais tarde, algumas pessoas interpretaram isto como a possibilidade de aumentar a longevidade, começando a preocupar-se com a questão de se tornarem imortais. Os filósofos tauistas praticavam exercícios mágicos, para alem da meditação, e tentavam descobrir um elixir da vida eterna. A par do tauismo filosófico desenvolveu-se uma religião de cariz popular baseada em Lao-Tzu, mas que tinha também os seus próprios deuses, templos, sacerdotes e monges. Havia rituais complexos, inspirados em parte na prática budista, com procissões, ofertas de comida aos deuses e liturgias pelos vivos e pelos mortos.



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